A
VIDA APÓS A MORTE; CÉU E INFERNO
O sentido da vida
DÚVIDAS
A morte absoluta sempre atormentou o ser humano. Será que
cessaremos de existir para sempre? Será que a nossa existência é
puramente terrena? A maioria das respostas tem sido negativa.
Mas é possível detectar vozes dissonantes, ou dúvidas, mesmo
nalguns textos religiosos como a Bíblia.
Se a morte não envolve sensações, então ela é como um sono, e
será um maravilhoso presente. (…)
Se a morte é uma
passagem deste para outro lugar, e se, como se diz, lá se
encontram todos os mortos, qual o bem maior que esse, ó juízes,
pode existir?
Sócrates, 470-399
a.C., filósofo grego, citado em Apologia, de Platão
A hora da partida chegou, e cada um de nós segue o seu caminho -
eu para a morte, e vocês para a vossa vida. Qual o melhor,
apenas Deus saberá.
Sócrates, 470-399 a.C.,
filósofo grego, citado em Apologia, de Platão
Acaso voltará a viver aquele que morreu?
Job 14, 14
Quem sabe se o sopro de vida dos filhos dos homens subirá às
alturas, e o corpo da vida dos animais descerá ao fundo da
terra?
Bíblia, Eclesiastes
CRISTIANISMO
Visão cristã da vida depois da morte: o homem é um ser
excepcional que ressuscita.
Não haverá mais morte, não haverá mais dor.
Bíblia, Apocalipse
Quando o corpo incorruptível se revestir da sua
incorruptibilidade, e quando o corpo mortal se revestir da sua
imortalidade, então cumprir-se-á a palavra da Escritura. A morte
será absorvida pela vitória.
Bíblia, Carta aos
Coríntios.
Nenhuns olhos viram, nenhuns ouvidos ouviram, e nenhuma mente
imaginou o que Deus preparou para aqueles que O amam.
Bíblia, Carta
aos Coríntios
Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aqueles que acreditam em mim,
mesmo que morram como os demais, viverão de novo. E todo aquele
que vive e crê em mim não morrerá para sempre.
Jesus, São João
A
morte é passagem para a vida definitiva
Bíblia, Carta aos Coríntios
A MORTE, NO ECLESIASTES
(9.3 - 9.12)
A visão que o Eclesiastes
apresenta da morte, é bastante laica; ela questiona a
imortalidade da alma, em oposição à visão dominante em outros
livros bíblicos: a da
negação do carácter absoluto da morte e a da existência de uma vida pós morte.
Eis o pior mal, no meio de tudo o que se realiza debaixo do sol:
que haja para todos um mesmo destino. Por isso, o espírito dos
homens transborda de malícia, e a loucura habita no seu coração.
Os vivos
sabem que hão-de morrer, mas a os mortos nada mais sabem, nem
mais nenhuma recompensa terão; pois da sua memória nada restará.
Os amores dos mortos, os seus ódios, e as suas invejas
desapareceram com eles; e nunca mais terão parte alguma em tudo
aquilo que acontece debaixo do Sol. Por isso, segue o teu
caminho – come o pão com alegria, e bebe o teu vinho com coração
alegre, porque a Deus agradam as tuas obras.
Goza com a mulher que amas, durante todos os dias da fugaz
existência que Deus te concedeu; pois essa é a tua parte na vida
que suportas debaixo do Sol.
O que a tua mão encontre para fazer, fá-lo com todas as tuas
faculdades, pois na região dos mortos para onde irás, não há
trabalho nem inteligência, nem conhecimento ou sabedoria.
O homem não conhece a sua hora. Como os peixes assim são
apanhados na rede fatal, como as avezinhas que caem no laço,
assim os homens são surpreendidos na hora da adversidade.
Comentário
Existirá vida após a
morte?
Visões místicas do mundo após a morte
Tudo era
intocável, e puro e glorioso… Sem sinais de pecados ou queixas
ou leis, ou de pobrezas, contenções ou vícios. Todas as lágrimas
e discussões tinham desaparecido. Tudo estava em descanso, tudo
era livre e imortal.
Thomas Traherne, 1637-1674,
místico inglês, Centuries of Meditations
Os mortos acordarão como Jacob acordou, (…) e nos portões do céu
entrarão, e nessa casa viverão, lá onde não haverá Nuvem ou Sol,
escuridão ou claridade, mas luz, lá onde não haverá barulho ou
silêncio, mas música, lá onde não haverá medos ou esperanças,
mas fruição, lá onde não haverá inimigos ou amigos, mas comunhão
e identidade, lá onde não haverá fins ou princípios, mas
eternidade.
John Donne, 1572-1631,
poeta e místico inglês, Sermons
INFERNO
A ideia do inferno
é muito antiga, no mundo grego-romano. O cristianismo antigo e
medieval limitou-se a retomá-la e a prolongá-la através de
defensores radicais.
Os defuntos, uma vez chegados ao
lugar a que o seu demónio o conduz, são aí julgados, quer tenham
tido uma bela e santa vida ou não.
Platão, 428-347 a.C.,
filósofo grego, Fedro.
Prolonguem essa expectativa de não haver inferno, e o mundo vai
tornar-se uma Babilónia.
Padre Caussette, século XIX,
citado por Georges Minois em História dos Infernos
Eis, meus irmãos, a base de toda a
moral e o fundamento de todo o direito e de toda a ordem: o dia
em que os actos de cada um serão julgados e em que cada um será
avaliado pelos seus méritos.
Claude Tailland, abade de
Saint Pierre de Mâcon, 1789-1854, citado por Georges Minois,
História dos Infernos
RECUSA DO INFERNO
Certos pensadores
cristãos, mesmo em séculos anteriores, recusaram a hipótese da
existência de um inferno na acepção literal do termo, como lugar
de punição.
O Inferno, se bem o entendemos, é o próprio pecado; o inferno é
estar afastado de Deus, e a prova disso está bem patente nas
Escrituras.
J. B. Bossuet, 1627-1704,
prelado e escritor francês, Oeuvres complètes
Se o Inferno existir, a minha escolha está feita: quero estar
com o mal e com os que sofrem, para os consolar, pois Deus não
seria nesse caso o nosso pai.
Padre Monsabré, século XIX,
citado por Georges Minois, História dos Infernos
É mais razoável crer que os
copistas se tenham enganado, ou que certas frases do Evangelho
foram mal compreendidas e interpretadas do que atribuir a Deus
uma ferocidade de que Ele é incapaz.
Dom Luís, século XVIII,
eclesiástico, citado em História
dos Infernos, por Georges Minois.
Comentário
Existirá vida após a
morte?
Ver também:
Morte
Os seres Humanos - Condição Humana
Pensamento Existencial
Brevidade da Vida
Ciência e Sentido da Vida
O Homem e o Universo
Humor sobre a Vida
Retornar ao topo -
Vida após a Morte
Home - Sentido da Vida